E aí, pessoa que tá do outro lado da tela, tudo bem?
2020 foi um ano atípico.
Foi um período que eu jamais poderia ter previsto – e nem ninguém.
Quando a gente começa a planejar alguma coisa, a traçar um plano para atingir um objetivo, é interessante levar em conta não só o resultado positivo – que é o que a gente espera – mas também os possíveis resultados negativos, para que a gente trace um plano realista, certo? Pois o ano de 2020 foi além de qualquer ponto negativo que eu pudesse imaginar.
Vocês sentiram isso também?
Esse tipo de situação tem um potencial bem destrutivo. O potencial de fazer a gente acreditar que não sobraram muitas coisas para agradecer.
Veja bem, antes da Luna nascer, eu levei 1 ano para engravidar de novo depois de um aborto espontâneo. Foram 12 meses duvidando da capacidade do meu corpo de gerar uma criança. Isso pode parecer um pouco dramático da minha parte mas a realidade da maioria das mulheres é essa. A gente se cobra e a gente se culpa por algo que, provavelmente, nem era um erro possível de ser cometido por nós mas esse é só um desabafo porque esse é assunto para outro post.
Quando eu passei por um período de crise financeira na minha família, que eu relatei pra vocês nesse post aqui, eu achava que não existiam motivos para agradecer por nada. Eu só conseguia enxergar o que eu não tinha. Foi quando eu encontrei o conceito de minimalismo e aprendi a identificar o que era realmente importante para mim. Foi quando eu aprendi, na raça, a encontrar motivos para ser grata no meu dia a dia.
Mesmo passando por um dos períodos mais desafiadores que eu já vivi, minha filha estava finalmente nos meus braços. Eu tinha muito a agradecer.
A coisa mais louca que eu descobri quando tive meu primeiro contato com esse conceito de gratidão e da transformação que ela pode fazer é que, quando se trata de agradecer, a gente costuma seguir o caminho inverso achando que é o caminho certo.
A gente aprendeu a acreditar que, primeiro a gente tem as coisas, depois a gente agradece. E isso vira um paradoxo porque, quando a gente consegue essas tais COISAS que supostamente vão nos deixar transbordando de gratidão, elas entram na rotina, com todas as tarefas e desafios que a acompanham, e a gente esquece de que elas são um motivo muito justo para agradecer.
As redes sociais fazem a gente cair em uma armadilha perigosa, então, antes de mais nada, vamos parar de mimimi? Todo mundo seleciona a melhor foto do melhor momento que viveu para postar nas redes sociais. Ninguém faz uma média detalhada de cada foto para saber se ela representa com precisão como está a sua vida num geral. A gente tem a chance de ir em lugar bacana, veste nossa melhor roupa, tira 347 fotos, seleciona a melhor delas e posta. Simples assim. Então, vamos parar de acreditar que a vida de todo mundo é melhor que a nossa DE MODO GERAL só porque ela publicou 1 registro de um momento bacana, MILA? Sim, falo isso primeiro pra mim, depois para vocês.
Se a gente for pegar especificamente o exemplo das coisas eu a gente compra, dá pra dizer que quando a gente compra alguma coisa, tá querendo a euforia da compra. Tá querendo sentir a sensação boa que a gente imagina – IMAGINA – que outra pessoa que comprou isso e tá postando ou falando sobre esse produto está sentindo.
Atire a primeira pedra quem nunca disse algo como: ah, mas também é fácil pra FULANA ser feliz e grata assim, ela tem tudo, né?
E sabe o que é mais louco ainda? A gente não quer nada, coisa nenhuma. O que a gente quer é a SENSAÇÃO DE GRATIDÃO.
Ser grato pelo que a gente já tem no presente, pelo que um dia foi sonho e hoje é dia a dia, é o que vai nos permitir viver se sentindo bem o tempo todo.
Inocência nossa acreditar que consegue saber o balanço geral de todos os aspectos da vida de uma pessoa apenas pela seleção das melhores fotos tiradas que ela publica nas redes sociais. Todo mundo tem problema. Ponto.
A sensação de gratidão, é isso o que a gente quer. A sensação de estar vivendo de uma forma tão plena, que a gente só agradece. E é exatamente aí que mora o paradoxo.
Gratidão é um hábito. Ser grato é algo que a gente exercita. Primeiro a gente é grato hoje pelas coisas que eram um objetivo no passado, depois a gente alcança mais objetivos e continua sendo grato.
É um hábito que a gente pode começar a inserir na rotina agora, independente dos nossos objetivos futuros que ainda não foram alcançados.
A dificuldade em ser grato, na minha opinião é em não entender que a vida não é o Baú da felicidade ou o Show do Milhão em que a gente recebe uma bolada ali, na hora. Pá-Pum.
Se sentir grato fica bem mais fácil quando a gente compreende que o processo é mais orgânico, mais devagar. Um degrau de cada vez ou como diz o bom e velho ditado, de grão em grão a galinha enche o papo.
O processo é tão natural e embutido no decorrer da vida que, para a maioria dos nossos objetivos grandes, a gente nem percebe que já alcançou, que já está vivendo no dia a dia o que antes era um objetivo.
Pense em você mesmo há 10 anos atrás. Se você pudesse voltar no tempo, encontrar com o seu EU de 10 anos atrás e contasse para ele como você vive hoje, o que esse seu eu mais jovem acharia de você? Quantas coisas você queria muito 10 anos atrás e que hoje já são rotina, ao ponto de você até reclamar delas?
E para terminar te deixo uma reflexão: se a gente não conseguir ser grato pelo que tem agora, como vamos ser gratos pelo que tivermos no futuro, quando este for o nosso agora?
Abraços e até semana que vem 😘
Um comentário em “Gratidão é um hábito”